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PF levou cunhada de caseiro ao sítio de Atibaia para depor, diz testemunha

Em depoimento à Justiça Federal nesta quarta-feira (20/6), Lietides Pereira Vieira contou que, em setembro de 2016, agentes da Polícia Federal e membros do Ministério Público Federal tiraram sua mulher e seu filho, então com 8 anos, de casa para tomar o depoimento dela. Lietides é irmão do caseiro do sítio atribuído ao ex-presidente Lula em Atibaia (SP) e disse ao juiz Sergio Moro, que toca uma ação penal contra o ex-presidente sobre o assunto, que ninguém tinha autorização judicial ou mandado para fazer a "visita". Apenas queriam falar com ela.

 

Ao ouvir as declarações, Moro se disse surpreso e deu cinco dias para que a PF e o MPF se manifestem, diante da suspeita de abuso de autoridade.

Segundo Lietides Vieira, o caso aconteceu no dia 4 de setembro de 2016, quando quatro agentes da PF e procuradores da "lava jato" bateram à sua porta, por volta das 6h da manhã, procurando por "Elena" e não "Rosilene", que é o nome de sua mulher. Como não havia nenhuma Elena, todos foram embora. Algumas horas depois, os investigadores voltaram e pediram os documentos de Rosilene, em tom intimidatório, segundo o depoimento.

Lietides contou que precisou sair de casa para ir ao médico e que, nesse momento, os agentes levaram sua esposa para o sítio de Atibaia. Ela ficou lá por cerca de uma hora "depondo" aos investigadores. No local, segundo Lietides, policiais e procuradores questionaram se a mulher já tinha visto o ex-presidente Lula e para quem ela trabalhava. Ela respondeu que trabalhou com serviço de limpeza para Fernando Bittar, o dono do sítio.

Ainda de acordo com o irmão caseiro, os agentes a levaram para casa depois do depoimento. Ele afirma que seu filho adoeceu e faz tratamento psicológico até hoje por causa do trauma que sofreu com a imagem de ter sido levado de casa em um carro da PF, junto com a mãe, sem nenhuma explicação.

Autoridades
Lietides contou a história respondendo ao advogado Alberto Toron, que defende Fernando Bittar na ação penal do sítio de Atibaia. Depois que terminou de falar, Moro, contrariado, perguntou: "Como que os advogados que lhe perguntaram tinham conhecimento disso? O senhor relatou a eles anteriormente?"

O magistrado desconfia de que Lietides tivesse sido orientado pelos advogados dos réus. Ele havia perguntado ao pedreiro Edvaldo Vieira, outro irmão do caseiro do sítio de Atibaia, sobre a possibilidade de orientação. Nesse momento, Toron interveio e questionou o juiz sobre a necessidade de refazer as questões que já haviam sido esclarecidas.

Moro reclamou de o assunto "ter chegado de surpresa" na audiência. E pediu que os investigadores se manifestem sobre a "atitude inusitada" do irmão do caseiro do sítio de Atibaia.

A PF e o MPF foram procurados para comentar o depoimento, mas não responderam aos contatos da ConJur até a publicação desta reportagem.

ConJur

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