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Após declarações de Trump e Macron, Rohani questiona legitimidade de novo acordo nuclear

Líder iraniano disse que presidente americano 'não tem experiência com política, com leis, com tratados internacionais' e ironizou carreira do republicano no setor imobiliário; na véspera, Trump descreveu o pacto com o Irã como ‘um desastre’ e ‘uma loucura’
 
O presidente do Irã, Hassan Rohani, questionou nesta quarta-feira, 25, a legitimidade de um eventual novo acordo sobre o programa nuclear iraniano, em reação às declarações feitas na véspera pelos líderes americano, Donald Trump, e francês, Emmanuel Macron.


“Juntos, com o chefe de um país europeu, dizem: ‘Queremos decidir sobre um acordo alcançado entre sete’. Para quê? Com que direito?”, questionou Rohani em um discurso em Tabriz, no norte do Irã.

O presidente iraniano também disse que Trump é um “comerciante” sem qualificação para lidar com um pacto internacional complexo e demonstrou desprezo especial pelo republicano, que classificou o pacto como um dos piores já negociados e ameaçou restaurar sanções americanas contra o Irã no mês que vem a menos que aquilo que vê como defeitos graves sejam corrigidos.

"Você não tem nenhuma experiência com política. Você não tem nenhuma experiência com leis. Você não tem nenhuma experiência com tratados internacionais", disse Rohani. "Como um comerciante, um mercador, um construtor de prédios, um construtor de torres pode julgar assunto internacionais?", acrescentou, referindo-se à carreira de Trump no setor imobiliário.

Na véspera, Trump e Macron defenderam em Washington a negociação de um "novo acordo" com Teerã sobre sua política nuclear para resolver os problemas que ficaram pendentes no pacto assinado em 2015. Em entrevista conjunta na Casa Branca, os dois presidentes deixaram de lado suas divergências sobre a questão iraniana com a ideia de um novo acordo.

"Temos um desentendimento", disse Macron sobre o pacto com o Irã. "Mas acho que estamos no caminho para superá-lo com a decisão que tomamos de avançar para um novo acordo", acrescentou.

Esse novo entendimento, segundo ele, visaria "completar" o pacto que foi assinado há três anos por EUA, França, Reino Unido, Alemanha, China e Rússia com o governo iraniano - com exceção dos americanos, todas as demais potências sempre defenderam a manutenção do acordo.

Muitos no Ocidente veem o acordo como a melhor chance de impedir Teerã de obter uma bomba nuclear e evitar uma corrida armamentista atômica no Oriente Médio. Para Trump, no entanto, o acordo fez com que Washington transferisse enormes somas de dinheiro para o governo de Teerã. "Falamos de barris de dinheiro, é uma loucura, é ridículo", reforçou.

Na tentativa de salvar o pacto e ao mesmo tempo satisfazer o clamor de Trump por ações mais duras, Macron propôs que os EUA e a Europa bloqueiem qualquer atividade nuclear iraniana até 2025 e além, abordem o programa de mísseis balísticos do regime e criem condições para uma solução política que contenha o Irã no Iêmen, na Síria, no Iraque e no Líbano.

A chanceler alemã, Angela Merkel, conversará com Trump em Washington no final desta semana. Autoridades iranianas de alto escalão vêm repetindo que o programa de mísseis balísticos do país não está aberto a negociações.

Estadão

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